Pela primeira vez neste ano, Santa Maria registrou, até a meia-noite de domingo para segunda-feira, a marca de 15 dias sem assassinatos - 16 dias, caso não houvesse nenhum homicídio após o fechamento desta edição. Um recorde para a cidade. O número representa um intervalo curto de tempo, mas reconfortante ao município que, em menos de quatro meses, já registrou 28 assassinatos, sendo cinco latrocínios (roubo com morte). A média de um assassinato a cada três dias caiu para um a cada quatro dias. Autoridades de Santa Maria não consideram os 15 dias como sendo uma vitória, mas um período para pensar e realizar novas ações para controlar os índices de criminalidade.
Eduardo Pazinato, que é coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma) e integrante do Conselho Nacional de Segurança, lembra que, a curto prazo, as medidas paliativas foram importantes e surtiram efeito, mas agora é necessário pensar em alternativas a médio e a longo prazos, antes que a violência e, principalmente, os homicídios retornem. Políticas públicas em regiões diagnosticadas pelo alto número de violência, além de ações de transformações urbanas e de inclusão social, são maneiras, segundo Pazinato, de reverter o quadro de crimes:
- As ações integradas das polícias tiveram ações imediatas no estancamento do crime. Mas é importante os poderes agirem agora. Caso contrário, a tendência é que a violência retorne.
Polícia Civil, Brigada Militar, Poder Judiciário e Ministério Público concordam que as operações das polícias foram efetivamente decisivas para conter a criminalidade. Há 14 dias, o Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar realizou operação no entorno do Presídio Regional de Santa Maria. Oito apenados dos sistemas aberto e semiaberto foram presos, e três armas foram apreendidas. Desses, seis voltaram ao regime fechado e estão na Penitenciária Estadual de Santa Maria.
O comandante do BOE e que comandou a operação, major Cleberson Bastianello, afirma que, nos últimos 15 dias, o BOE apreendeu oito armas de fogo:
- Precisamos e estamos retirando as armas de circulação. São elas que matam. Nossa parte é intensificar essas ações - diz Bastianello.
Conforme dados divulgados pelo 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) da BM, no primeiro trimestre de 2014 foram apreendidas 24 armas de fogo, além de terem sido efetuadas 109 prisões em flagrante. São essas, afirmam os comandantes, as melhores maneiras de reduzir os homicídios.
Já outro fator que pode ter contribuído para esse período sem assassinatos levantado pelo juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC), Leandro Sassi, foi o uso das tornozeleiras eletrônicas pelos apenados dos regimes aberto e semiaberto. Segundo o magistrado, cerca de 60 pessoas estão sendo monitoradas, contribuindo para o controle dos crimes violentos.
Outro ponto para a redução da criminalidade, afirma o delegado regional, Marcelo Arigony, é a vinda de um novo titular à VEC.
- Os apenados certamente viram que um novo juiz está a caminho. Ele vai se dedicar somente a isso. Irá contribuir muito - afirma Arigony.
Sobre a especulação de que haveria uma lista de 40 pessoas a serem executadas em Santa Maria, que ganhou corpo quando o número de assassinatos aumentou na cidade nos primeiros meses do ano, a informação não passaria de um boato, afirma o titular da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Maria, Sandro Meinerz. Segundo ele, assim como a sociedade civil, a polícia também recebeu essa informação, mas nada foi confirmado.
- Essa lista, ninguém viu, ninguém sabe - afirma o delegado.
O que dizem as autoridades
Santa Maria fechou 15 dias sem assassinatos - 16, caso nenhum homicídio tenha ocorrido na cidade após o fechamento desta edição. Um recorde neste ano. Autoridades dos órgãos de defesa falam sobre o que teria contribuído para essa marca. Confira